segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Professores de castigo???

Retomando o blog em 2010, vamos começar com um tema relacionado à Psicologia da Educação.
O título do post refere-se a uma reportagem publicada na Revista Época de hoje (clique aqui para ler a matéria). Resumindo: desde 2002 os professores da rede pública da cidade de Nova York (EUA) considerados incompetentes são colocados "de castigo" em uma sala descrita da seguinte forma na reportagem: "Não são exatamente locais aconchegantes. Tirando as carteiras típicas, nada lembra uma sala de aula. Não há livros, mapas pendurados na parede nem computadores. Algumas nem sequer têm janelas. Os professores são vigiados por dois seguranças e dois supervisores da Secretaria de Educação, têm horário para chegar e ir embora (o período corresponde ao dia de trabalho normal, das 8 às 15 horas) e não podem acessar a internet nem falar ao celular. Em resumo, fazem quase nada o dia inteiro."
Ao ler sobre essa forma de "castigo", logo pensei: em que isso pode colaborar para a sociedade? E para esses professores? O que eles aprendem com esse tipo de medida e de que forma passarão isso para os alunos quando voltarem a lecionar? Será que o "castigo" é a solução para professores incompetentes?
Durante essas horas em que eles não "fazem quase nada", será que não poderiam estar estudando? Lendo livros e aprimorando seus conhecimentos? Ouvindo palestras, participando de grupos, de forma a tornarem-se melhores professores do que eram antes?
Será que o castigo é a melhor forma de resolver um problema social?
É certo que o castigo, a punição são métodos bastante utilizados pela sociedade norte-americana (e não só), na qual ainda predomina uma visão comportamentalista.
Porém, não acredito que deixar um professor de "castigo" dentro desses moldes seja a solução, pois não vai na raiz do problema. E a raiz do problema muito provavelmente está na formação docente, nas condições de trabalho do professor (que aqui no Brasil são ainda mais graves), nos alunos, na sociedade...
Acho que o secretário de Educação de Nova York nunca ouviu falar em Psicologia da Educação, pelo menos não a que vimos pregando, estudando, discutindo nos congressos e ensinando a nossos alunos aqui.